Guerra Dos Governos

Esta quinta-feira, dia 2 de Maio, aconteceu algo inédito. Pela primeira vez na vida fui apanhado a ver pornografia. Minha namorada, a quem desde já peço desculpa, entrou quarto a dentro enquanto eu assistia, em regozijo, a PSD, CDS, BE e CDU a ir ao rabo do Governo e do PS.

Não vou pedir desculpa pelos meus atos, até porque todos eles pareciam estar a gostar bastante.

O tema deste filme é a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, que esteve a ser discutida no dia supracitado. BE e CDU não fizeram menos do que se esperava deles, e votaram a favor. Já a direita, numa reviravolta a la Game of Thrones, fizeram um assalto ao Governo e votaram também eles a favor, deixando assim PS em cheque. Põe-te a pau Arya Stark, que a ARTV assim rouba-te audiência.

Durante o dia de ontem PS conseguiu inventar uma crise política e virou a situação a seu favor. Depois de uma reunião com vários membros do Governo e com o Presidente da Republica, António Costa em comunicado anuncia que, caso esta medida seja aprovada numa votação global na assembleia, o Governo faz as malas e vai embora.

Tudo isto a poucas semanas das eleições europeias, o que é ótimo, porque quer dizer que não se vai falar de europeias até lá e vamos voltar a ter uma abstenção de 70%. Portugal sempre abraçou fortemente as suas tradições, desta vez não poderia ser diferente.

Ora bem, mas que significa tudo isto?

Aparentemente o PS está numa encrenca, mas na verdade não é bem assim. O que se passa é que a direita, PSD e CDS, é comandada por dois asnos que acham que isto foi uma manobra eleitoralista da parte deles, quando na verdade foi apenas suicídio político. Para votar a favor desta medida foram contra os seus interesses e ideais, cimentando e fortalecendo o lugar do PS no bloco central.

Com o PS como pilar central, a esquerda fortalecida e a direita mais murcha que a cara do Cavaco, toda esta “crise política” apenas serviu para quebrar definitivamente a Geringonça, que já estava meio avariada desde a discussão do SNS, mas fortalecer individualmente os partidos que a compunham, principalmente o PS, que esteve mais à direita que todos os partidos de direita da AR, e provavelmente conseguirá consolidar-se e dispensar BE e CDU para governar na próxima legislatura. Ou pelo menos é isso que o Costa acha.

Numa reviravolta genial, António Costa aproveitou o erro crasso da direita para pôr em marcha a sua campanha eleitoral. Mas Costa não conseguirá governar sozinho. Dificilmente terá maioria absoluta, o que significa que mais uma vez precisará de aliados. Não teremos a Geringonça de volta depois dos últimos acontecimentos, e não vejo uma Geringonça de direita no horizonte.

Vejo o descalabro total daquilo que foi uma coisa boa nos últimos 4 anos e que uma manobra calculista do PS deitou a perder. Ainda não percebi quem ficou realmente a ganhar com isto tudo, a não ser eu, que sou sádico e gosto de ver o mundo a arder. Não tardaremos muito a descobrir, espero.

Por isso não percam os próximos episódios, porque eu TAMBÉM NÃO!

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