No outro dia recebi um e-mail da Google com a minha timeline do Google maps, os sítios que visitei em 2018 e tudo mais, comentei isso com uns colegas, ao que a conversa começou a evoluir para o tema da privacidade e das corporações e governos nos monitorizarem e haverem fugas de informação e o diabo a quatro.
Ora, o meu cérebro começou logo a turbinar, como já é costume, só ali na hora de almoço escrevi três livros na minha cabeça.
A mim, que sou parvo, parece-me que somos muito mariquinhas com a privacidade. Todos temos esta noção de que a privacidade é essencial e que se a perdermos estamos a ser postos em perigo, a ser expostos. E até certo ponto é verdade, mas… Haverá algum problema da Google ou do Facebook saberem a minha localização constantemente? E então, não é? O que é que eles podem fazer com essa informação? Ou que perigo existe se essa informação se tornar pública ou a venderem ao governo? Será que saber a minha localização ou as minhas rotas habituais me torna mais suscetível a ser assaltado na rua?
Não. Não torna. Um gajo que consiga hackear o Google, para já, deve ter a estrutura física de uma cana seca, como eu, por isso leva logo um biqueiro no joelho. E depois, ele não me vai assaltar man… Ele vai ao meu PayPal.
Vão vender a minha informação ao governo ou a PJ? Fogo, sinto-me importante assim. O senhor ministro António Costa e o detetive Conceição querem saber como foi a minha viagem a Madrid? Sinto-me lisonjeado.
E atenção, é claro que há matérias onde é importante manter a privacidade, tudo o que tem a ver com dados sensíveis, números de cartões de crédito, etc. Agora a minha localização?
Chega ao ridículo de eu ver pessoas a dizer que têm a certeza que as apps do telemóvel espiam o que elas dizem, porque lhes mostram publicidade de coisas que elas falaram com amigos, mas nunca pesquisaram.
É possível? Claro que é, mas, em primeiro lugar, os sistemas operativos dos smartphones não permitem aceder ao microfone sem que vocês lhes deem permissão, por isso, se vos acontecer isso, a culpa é vossa e vocês são burros. Em segundo lugar, é muito mais provável que vocês tenham um certo padrão de pesquisa na internet e, apesar de nunca terem pesquisado por determinado produto, 893 562 pessoas, com o mesmo padrão de pesquisa que vocês, provavelmente procuraram, e é por isso que aparece. Eu não sei, acabei de inventar isto, não percebo nada de informática.
E aquelas pessoas que metem um post-it na webcam, sabem? Que raio de ego tens tu para achar que há um gajo qualquer no mundo que se interessa o suficiente com o que estás a fazer ao PC para te ir espiar pela webcam? Vocês já viram bem a vossa cara quando estão ao PC? Façam mesmo esse exercício, gravem-se ao PC durante uma hora. Vocês acham que alguém se interessa com isso? Não interessam.
Eu quando vejo alguém com um post-it na webcam assumo automaticamente que, ou são terroristas, ou são masturbadores compulsivos.
“Ah, mas eu às vezes ando nu no quarto, podem-me gravar e chantagear com as imagens”
Mas e depois? E se te gravarem nu? Vão fazer o que? Meter na internet? Já estou a ver as manchetes do Correio da Manhã. Nenhumas. Porque ninguém quer saber.
“Ah, mas podem estar a usar as tuas imagens para se satisfazerem sexualmente”
Sentir-me-ia lisonjeado, mais uma vez. 95% de todo o conteúdo na internet é pornografia, e eles escolheram as imagens de mim a sair do banho e a fazer o helicóptero como material de masturbação? Acho que não há maior elogio nesta vida.
Se alguém não souber o que é o helicóptero, é quando vocês faz–
Sabem que mais? Deixem lá.
E isto aplica-se a tudo, mensagens, e-mail, gravações, vídeos, fotos, webcam… Vocês não são o Presidente da República, não são os donos duma multinacional ou das secretas, vocês não são os líderes da ISIS. Ninguém quer saber.
Tá bom? Estamos em sintonia? Pronto. Dou-vos autorização para a partir de agora, sempre que notarem que alguém é um mariquinhas da privacidade, assumirem que eles têm problemas de autoestima por possuírem um micropenis.
Até logo, jovens.
Tens razão! Preocupamo-nos tanto com os outros, o que sabem de nós, que nem compreendemos que os outros nem sequer pensam em nós…
Às vezes parece que gostamos de estar presos em chains que nós colocamos a nós mesmos…
Gosto muito do que escreves. Devias publicar num blog teu no WordPress. Bora lá?
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