Fascista És Tu, Palhaço!

No outro dia estava a tomar café, numa esplanada com amigos, e um senhor com ar suspeito veio-me pedir dinheiro, ao que eu disse que não tinha, e ele procedeu a dizer que a juventude está perdida, que somos todos fascistas, foi rude e meio ameaçou que nos ia assaltar.

Em primeiro lugar queria mandar este senhor a merda, agora que estou seguro atrás de um ecrã, toma lá seu larápio! E depois gostava de discordar do senhor. Nós até éramos um grupo considerável e, se fôssemos, de facto, fascistas, até teríamos sido bastante generosos. Generosidade à base do biqueiro na costela, mas generosidade, ainda assim.

Podíamos ter dado dinheiro? Sim.
Ele ia gastar em drogas? Provavelmente.
É disso que venho falar hoje? Não.

Continuemos.

Aproveitando a deixa do fascismo… A propósito da crise que se está a viver nas últimas semanas, na Venezuela, tenho visto muita malta, que se identifica com a direita política, a dizer que é impossível viver em socialismo ou comunismo sem ser pelo recurso ao totalitarismo e a regimes ditatoriais. Não vou dizer nomes, mas sim senhor deputado europeu Nuno Melo, também estou a falar de si, entre outros tantos. Mas atenção, noutras ocasiões já vi também a esquerda fazer o mesmo, ninguém é santo nesta guerra do aponta dedo. E é triste ver pessoas, algumas até que considero inteligentes, reduzir ideologias políticas a algo quase futebolístico.

“Não o Benfica é que é uma ditadura pá, uma ditadura! Venham para o Sporting!”

“Tás maluco? E o Bruno de Carvalho, pá?! Esse é que é um ditador! Venham para o Benfica!”

Não podemos misturar as coisas. Não podemos misturar economia e política com totalitarismo. Já existiram ditaduras de todos os lados do espectro político, para cada Hitler há um Lenine.

Não é por eu me identificar mais com Socialismo ou Neo-Liberalismo que isso faz de mim um Fidel Castro ou um Pinochet. É injusto usar o discurso de que para seres de direita tens de defender o fascismo, ou para seres de esquerda tens de defender uma ditadura. Já se fez muita coisa boa, inclusive em Portugal, debaixo do Socialismo, tal como já se fez muita coisa boa através de políticas liberais.

E é natural que ambos os lados tenham os seus prós e contras, caso contrário estaríamos todos de acordo. Por isso usem esses prós e contras para argumentar, tirem partido da democracia e da liberdade de expressão de forma inteligente, em vez de cuspirem falácias fáceis para ganhar votos.

Não julgo ninguém por tentar evangelizar os votantes e puxar a brasa à sua sardinha, mas façam-no de forma inteligente e com argumentos, não com propaganda e retórica duvidosa (Tá bom, Nuno Melo?).

Mais ou menos como o senhor que vos falei. É muito fácil chamar ao homem trabalhador de fascista por não dispensar uma esmola.
Mas é justo, quando o homem trabalhador já deu um terço do salário em impostos e existem plataformas estatais para o ajudar? Esses apoios não fornecem heroína?

Temos pena.




E eu que agora tenho um Podcast?
Ouve o último episódio!

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