O sistema democrático é uma máquina que gosto de ir analisando quando não estou ocupado a ser normal.
É uma análise que, no entanto, é inglória, porque a democracia é a maior mentira que contamos a nós próprios. Pumba e esta?!
Porquê? Ainda bem que perguntaste!
No outro dia li um tweet do novo partido hip de direita, Iniciativa Liberal, onde se podia ler o seguinte “Bom Dia. Menos Engels. Mais Hazlitt”. É uma mensagem de uma presunção incalculável, mas é triste que assim seja. É triste que seja tido como presunçoso saber quem Engels e Hazlitt foram e o que significam atualmente. É igualmente triste que este tweet tenha zero respostas e que um tweet do Zé da esquina a dizer “Benfica é merda” gere infinitamente mais discussão.
E é exatamente nisto que a falácia da democracia assenta. Não é fixe saber quem foi Engels. Não é fixe saber o que é o Marxismo. A maior parte da massa votante tem a mente ocupada com coisas muito mais importantes, como quem vai a frente no campeonato, ou no pénalti anulado pelo VAR.
“Não ligo muito a política”, quantas vezes já ouvimos ou dissemos isto?
E é este o problema. Não queremos saber. Colocamos uma cruz no Partido Socialista sem sabermos o que é o socialismo ou o que significa isso para a minha vida e a dos meus pares. Continuamos a votar no que parece mais simpático, porque “todos falam politiquês e eu não percebo nem quero perceber.” Continuamos a querer acreditar que vivemos numa democracia quando, em verdade, o desinteresse por estes temas leva as massas a votar sem um sentido de lógica e uma criticidade necessárias para a democracia funcionar.
“Isto é tudo muito bonito, vir para aqui apresentar problemas sem propor soluções!”
Tem toda a razão, pessoa imaginária na minha cabeça!
Há duas soluções, uma que não me agrada, outra impossível. Bem, há muito mais soluções, mas isto já está aborrecido o suficiente. A primeira seria viver debaixo de outro sistema, já que o povo não tem, de facto, poder, ou vontade, de tomar as decisões, não faz sentido continuar viver em democracia. Mas eu gosto da democracia. É um sistema que faz sentido, quando praticado corretamente, é, aliás, o melhor sistema político que já existiu, e por isso não me agrada regredir.
A outra solução seria quem faz as escolhas, ou seja, tu e eu, estarmos informados e metermos a cruzinha depois de ter investigado e refletido criticamente no que estamos a fazer. Por isso tem de partir de nós procurar o conhecimento. Não podemos eleger um partido sem saber o que é o socialismo, o liberalismo ou uma social-democracia e depois queixarmo-nos dos resultados.
Mas há sempre coisinhas brilhantes que nos distraem, há sempre uma taça ou um cartão vermelho, há sempre uma novela ou um videojogo mais interessante que um livro sobre ciência política ou economia. E é deste ponto de vista que eu digo que é impossível a democracia funcionar, ou pelo menos, como devia.
É impossível porque é aborrecido pensarmos no nosso futuro. É aborrecido pensar o que este ou aquele partido vai fazer com os nossos impostos, se os vai aumentar ou diminuir, se vai privatizar ou nacionalizar, se vai subsidiar ou deixar de subsidiar. É aborrecido perceber quem vai votar a favor da identidade de género e contra a tauromaquia, ou quem vai propôr medidas ambientais. É aborrecido ler velhos alemães a falar de filosofia.
Por isso, olha…
Viva o Sporting.

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