Sem Pano Para Mangas

Hoje houve aquela brincadeira dos coletes amarelos. Clássico tuga, não é? Até o populismo importamos lá de fora, o que é paradoxal. E estúpido.

Confesso que simpatizo com o conceito, mas acho que nos falta algo que foi extremamente importante para o movimento funcionar em França. Falta-nos foco, organização. Isso e vontade de acordar cedo.

Logo de manhã cedo verificou-se algum descontentamento nas redes sociais porque, apesar da hora combinada para dar início às manifestações rondar as 6h30~7h da manhã, os únicos coletes amarelos que se viam nos pontos de encontro eram mesmo os dos policias.

Ora, mas nascemos todos ontem? Alguma vez o tuga se vai levantar antes das 10 para aumentar o salário mínimo ou reduzir o imposto sobre os combustíveis? No máximo dos máximos levanta-se as 9:45h para ir ao café rapidinho buscar um pão de leite misto para comer resfastelado no sofá a ver o Você na TV.

Já com a manhã mais adiantada conseguiram provocar alguns distúrbios no trânsito, na zona do Marquês de Pombal. Mas convenhamos, não eram precisos coletes amarelos para isso.

Por volta das 9h30 já havia uma multidão avassaladora de 30 a 40 pessoas no Marquês, quase tantas como uma turma da EB1 N°1 da Buraca.

Perto das 10h já tinha ocorrido a primeira detenção do dia, na zona do Porto, onde mais cedo já teria havido uma partilha de murraças entre um “colete” e um automobilista, como não podia faltar. A malta no Porto é que se sabe revoltar, mas a meio esquece-se contra quem.

Entretanto a turma do Marquês ia descer a Avenida da Liberdade, depois já não ia, e depois já ia, e depois espera lá um bocadinho. E foi muito assim durante o resto da manhã.

O líder e outros simpatizantes do partido de extrema direita PNR queriam ficar e espancar os policias todos, enquanto que os organizadores da manifestação apelavam ao pacifismo e à marcha pela avenida numa bonita procissão manifestosa.

No fim, nem um nem o outro, manifestantes dispersaram, a principal organizadora foi fazer queixinhas do PNR à imprensa, a dizer que tinham “estragado” a manifestação. Tipo jardim de infância, estão a ver? “Monitora, o José Pinto Coelho está a comer os meus lápis de cera!!!”

No meio disto tudo, e sem grandes surpresas, os mais organizados foram mesmo as forças policiais, que foram conseguindo controlar a situação e deter os mais atrevidotes a querer causar desacato.

Esta porcaria toda levou a que por volta das 11 já os manifestantes do Marquês tivessem dispersado, na sua grande maioria.

Perto da mesma hora começaram a desmobilização também na rotunda do Bessa, no Porto, começando a dirigir-se para a Rotunda da Boavista para organizar um fim simbólico para a manifestação.

Os “coletes” de Braga foram os que se aguentaram mais tempo e conseguiram causar mais estrago, mas mesmo assim caiu tudo antes da hora de almoço.

Sem surpresas, porque tuga que é tuga não prescinde da sua horinha de almoço. Se o céu existir, vai haver ali uma zona só para os portugueses em que é sempre meio dia, e tá sempre tudo a almoçar e a beber uma vinhaça.

Nisto tudo só sobrou o meu primo Abílio, que nem para o casamento dele acordou antes das 11:30 da manhã, por isso quando chegou às portagens da 25 de abril para protestar, e só lá viu polícia e jornalistas, ficou muito triste. Deixo aí o testemunho dele.

“Estou desiludido. Isto de vir muita polícia intimida as pessoas. E depois é o Natal sabe? É o Natal…”.

( Testemunho verídico, nem sequer estou a tentar ser engraçado )

Pois é Abílio, é o Natal. Mas já é o Natal há muito tempo, eu bem te avisei, palhaço. Agora deixa de ser um merdas e trabalha como as outras pessoas, que para mobilizar esses bófias todos e pagar as folgas que lhes tiraram, para andarem outros a brincar as revoluções, tenho de andar a pagar os impostos por ti.

Kiss na bunda, até segunda.